por Flávio Araújo
Lazaroni não errou. Pelo menos não tanto quanto Telê em 82, que deixou o Dinamite na arquibancada; nem tanto quanto os rancorosos Galinho de Quintino e Velho Lobo (união instável não? Galinho e Lobo?), que não levaram o Baixinho e viram o sonho do penta se esvair em convulsões e “zidanadas”. Lazaroni levou o Baixinho mesmo sem ele ter condições. O povo brasileiro acertou mais ainda em 94, quando impôs o Baixinho e com isso trouxe o caneco, a despeito do despeito do mesmo Lobo velho e teimoso.
Romário deveria ter sido Campeão Mundial Juniores em 1985, foi cortado por indisciplina; poderia estar no time envelhecido de 1986; deu azar e estava machucado em 1990; ganhou a Copa de 94, ganharia a de 1998. Imaginemos a situação hipotética em 1998: escalação do Brasil para a final com a França. Ronaldo passou mal e vai entrar... Romário. Duvido que os comedores de brioches não tremessem.
Romário nunca foi santo, muito menos demônio a não ser para os goleiros. Romário foi o maior atacante de todos os tempos, imbatível na área. Mas Romário, apesar de ter jogado no time da mídia, não foi cria deles. O Galinho sim era bom moço e agradava à massa. Só que quem tem que agradar à massa é molho de macarrão! Romário é único no mundo sem ter chegado ao auge da sua brilhante carreira. Pelé foi ao topo, Garrincha não chegou a ser metade do que poderia ser e Zico, bem, este foi além do possível, construído a disciplina e exercícios.
Romário, ao contrário dos seus inimigos declarados, não perdeu nenhuma copa. Não permitiram a ele nem perder. Quando contaram com ele, o jejum de 24 anos caiu por terra. E não me venham com jogo feio: gols como os contra Camarões, Suécia e Holanda do Baixinho; os de Bebeto contra EUA e Holanda; além da antológica “patada” de Branco com Romário saindo da frente entram em qualquer antologia.
Romário sempre foi mais difícil de engolir que Zagallo, seja para as defesas adversárias, seja para fiscais de comportamento, padres, pastores e afins. Romário fez mais de 1000 gols, como Pelé, e isto é imperdoável pela imprensa provinciana da nossa vizinha paulicéia e para a imprensa rubro-negra de cá, ávida de vender notícias e agradar a maioria, quase tão burra quanto a unanimidade de Nelson Rodrigues. Romário deveria ser, sozinho, cinco vezes campeão do mundo. Pena que nem todos os brasileiros torceram para isso, o futebol agradeceria.
* Jornalista e historiador, Flávio Araújo faz questão de ressaltar que é vascaíno desde antes do tempo em que Romário jogava na preliminar do Maracanã.
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8 de abril de 2008 às 15:38
Concordo com o "historiador" nas suas palavras. Aliás,permitem me dizer,esse texto é quase uma "Ode" a Romário. Só queria lembrar uma coisa que faltou em sua crônica: o povo brasileiro queria muito que ele fosse a Copa de 2002, a imprensa esportiva enchia o saco com isso, pressionando a comissão técnica. Felipão cagou pra todos, não o convocou e comandou uma seleção que obteve o maior desempenho em todas as Copas.
Por merecimento no que fez ao futebol, Romário deveria ir a Copa de 2002 sim. No banco de reservas...
9 de abril de 2008 às 14:25
Sensacional! Uma das melhores crônicas sobre o Romário que li!
Luiz Renato
9 de abril de 2008 às 16:35
Romário é Romário! Zico? Não ganhou nada pela seleção!
Douglas!
9 de abril de 2008 às 16:44
Esse texto foi um dos melhroes que li! Realmente o Baixinho foi fenomenal, me fez chorar muito! Tanto como alvinegro, mas tb como brsileiro!
Armandinho